Vacina contra Rotavírus : A Nossa Experiência
Hoje fiz um post sobre nossa experiência com a vacina contra rotavírus na página do Facebook e recebi toda sorte de comentários:
Entre pessoas relatando suas experiências, também negativas, outras dizendo que seus bebês não sofreram reações e pessoas que optaram por não dar a vacina por orientação médica, houve também muita gente me chamando de inconsequente, irresponsável e leviana, por aconselhar a não vacinação.
Então, antes de tudo, vou lhes contar a nossa experiência com a vacina:
Murilo nasceu saudável, gorducho e bem forte. Nunca reagiu a nenhuma outra vacina, exceto a hexavalente, que lhe deu uma pequena febre. Não dou remédios antes da vacina, como algumas mães fazem, pois sou da opinião de que medicamentos, embora sejam importantes e indispensáveis em alguns casos, podem trazer males pra saúde que nem imaginamos, principalmente quando administrados em excesso. Isso não significa que deixo meu bebê sofrer. Quando aparece a dor, o sintoma ou algum problema, dou o medicamento. Mas só se for realmente necessário.
Hoje o Murilo está com 1 ano e 1 mês e os únicos problemas de saúde que teve, foram uma gripe aos 8 meses, a reação da vacina hexa que não passou de uma noite de febre leve e dor na perninha e essa reação à vacina contra rotavírus, que persiste ATÉ HOJE!
Dito isso, vamos ao relato:
Aos 2 meses, ele tomou a primeira dose, no postinho. Teve diarréia por 17 dias. Eu cheguei a perguntar sobre a vacina na página do blog, que naquela época era muito menor, e muitas mães disseram que seus bebês tiveram reações horríveis. Também fui da opinião de que era melhor dar a vacina, pois as estatísticas mostravam que uma pequena parcela dos bebês apresentavam essas reações. Uma mãe, no entanto, me alertou para algo que nem o pediatra do Murilo, nem a pessoa que administrou a vacina, me informaram:
Vacina Rotavirus: Cuidados Básicos
Após a vacinação e durante cerca de 20 dias, é importante que a troca de fralda seja feita com o máximo de cuidado possível, sem respirar pela boca durante a troca, sem qualquer contato com o cocô e, claro, as mãos devem ser lavadas imediatamente depois. A fralda deve ser amarrada em um saquinho e jogada em um lixo fechado, longe de qualquer possibilidade de contaminação, já que o vírus fica ‘ativo’ nas fezes e pode contaminar as pessoas da casa.
Seguimos essa orientação à risca e não tivemos problemas em casa. Exceto o Murilo, que teve uma diarréia horrível, verde e com muitas cólicas, por 17 dias. Percebemos que tinha sido reação à vacina, mas entendemos como ‘um mal necessário’.
Vacina Rotavirus e APLV?
Outra coisa importante a dizer: com um mês, o Murilo tomou complemento (NAN Confort 1), por indicação do pediatra, enquanto eu ainda não entendia nada de amamentação e não sabia que era capaz de produzir o leite ‘extra’ de que meu filho precisava. Enquanto tomou NAN, continuou perfeitamente bem, sem nenhum tipo de reação ao leite. Também consumi derivados do leite desde sempre e ele nunca teve cólicas fortes antes da vacina. Eu chuto dizer que as cólicas de RN que ele teve, foram MUITO menores que da grande maioria dos bebês. Ele sempre foi tranquilo e chorava muito pouco.
Aos 4 meses, chegou a hora de dar o reforço da vacina. Pensamos um pouco, mas logo chegamos à conclusão de que deveríamos sim vaciná-lo. Se tivesse mais uma diarréia de 17 dias, seria triste, mas passaria. Só que foi muito pior. No dia seguinte à vacina, fui trocar sua fralda e notei sangue. Ficamos desesperados e conseguimos um encaixa com sua pediatra no mesmo dia. Contamos sobre a vacina e ela descartou que fosse reação – a desconfiança era APLV – alergia à proteína do leite de vaca.
Fizemos a dieta restritiva por 6 semanas e NADA mudou. O sangue nunca mais apareceu depois do primeiro dia, mas ele teve QUARENTA dias de diarréia, trocando a fralda de 8 a 9 vezes por dia! Isso nos levou a uma verdadeira peregrinação, que já contei nesse post.
Depois de botarmos uma pedra em cima da desconfiança de APLV e problemas imunológicos, quando o médico fodástico que nos atendeu nos disse que tudo o que ele teve até então tinha sido reação à vacina contra rotavírus, ainda não me sentia tranquila. Isso porque desde que ele tomou a segunda dose da vacina, NUNCA MAIS dormiu a noite inteira, sendo que ele dormia super bem desde que tinha completado 20 dias.
Embora dormir pouco seja cansativo pra mim e pra ele, o pior não é acordar toda noite – é acordar com dor, choramingando, esperneando e só voltar a dormir depois de ser massageado, mamar e soltar muitos puns. Algumas (muitas) vezes, nada disso adianta e preciso dar medicamento (o que já disse que odeio fazer!) para que ele tenha mais facilidade para eliminar os gases.
Além disso, desde que começou sua introdução alimentar, ele tem o intestino muito preso. Se não come de 2 a 3 ameixas secas no dia, não consegue fazer cocô. E mesmo quando faz, é sempre ressecado e é necessário bastante esforço. Para dormir, é um terror, se contorce inteiro, geme e só adormece quando não consegue mais se segurar e se entrega pro cansaço. Eu, como mãe, sofro com ele todas as noites. Me preocupo, me descabelo e fico me perguntando: o que há de errado com ele?
Embora já tenha relatado isso muitas vezes para a pediatra, ela sempre achou que era normal e que melhoraria após 1 ano. Continuamos tudo do jeito de sempre. Chás de todo tipo, massagens, muuuuito peito e, em último caso (que acontece de 3 a 4 vezes por semana!), remédio anti-gases de 4 em 4 horas.
Há algumas semanas voltei a suspeitar de APLV, pois ele parece ter piorado e tanta gente me falou de APLV como possível causa para esse desconforto dele, que voltei a ficar paranóica. Observei atentamente e percebi que alguns alimentos lhe causam terror – mas não necessariamente alimentos com leite. E nem sempre são os mesmos alimentos. Os piores parecem ser a cebola e a banana.
Resolvi então marcar consulta com uma outra alergista de Campinas, bastante procurada por pais de bebês com APLV. Depois de desembolsar um total de R$ 700 em consultas particulares e de esperar horas em consultórios, essa médica me disse o que sempre desconfiei: até hoje, tudo o que ele tem, parece ser reação à vacina contra o rotavírus. E este não é o primeiro caso que ela atende.
Em alguns casos, a própria APLV parece ser causada pela vacina. Talvez ele tenha até tido essa alergia de forma transitória, mas segundo ela, especialista no assunto, é PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL que ele tenha APLV hoje, já que já foi exposto diversas vezes a alimentos com traços de leite e até mesmo derivados e não apresentou piora. Além disso, ele tem uma pele ótima, nenhum problema respiratório, NUNCA teve nenhuma assadura, sempre ganhou peso e altura adequadamente, seguindo até uma das curvas mais altas de crescimento.
O que ele tem, provavelmente, é uma disbiose, por causa de um desequilíbrio que foi causado pela vacina. Ela me explicou bem detalhadamente, mas isso é o máximo que minha memória cansada consegue lembrar. No retorno, que acontecerá em 3 semanas, vou pedir mais detalhes para complementar este post.
Enfim, segundo ela, isso é corrigível com probióticos, que o Murilo deverá tomar de 12 em 12 horas por 3 semanas e depois reavaliar. Ela me disse ter 90% de certeza que este é o problema dele e que tudo ficará ótimo depois de reorganizar seu intestino.
Nada grave, mas mudou sua vidinha nesses 8 meses de sono picado e irritado. Até mesmo o fato dele acordar à noite é provável que esteja relacionado a isso.
Depois disso tudo, sendo eu do jeito que sou, claro que pesquisei muito e conversei com muitas pessoas sobre o assunto. Então como posso aconselhar que alguém dê ou não essa vacina em seu filho?
Bem, como eu já disse em meu post inicial o conselho que dou é para a maioria dos casos, mas não para todos. Em locais de risco, talvez seja importante vacinar, mas também acho muito importante que os pais conheçam os possíveis problemas decorrentes, para que possam buscar tratamento adequado.
É triste ver que passamos por tantos médicos e NENHUM sabia que isso tudo era possível e corrigível. Somente essa alergista, a qual a maioria das pessoas não têm acesso (R$ 350 uma consulta é uma paulada pra maioria de nós!) conseguiu nos dar uma luz no fim do túnel. Se não fosse ela, talvez o Murilo continuasse a sofrer por muito tempo, até irmos novamente em busca de problemas que não existem.
Você e qualquer um que lê o meu blog ou outros blogs, deve usá-los como instrumentos para ajudar a formar sua própria opinião. Só você pode decidir o que é melhor pro seu filho. Nem mesmo seu pediatra pode fazer isso por você. E sinto informar, mas a maioria dos médicos também não têm experiência o suficiente para realmente dar opinião e orientação baseada em evidências e em fatores humanos, além da literatura e da agenda do governo.
Então, para embasar a minha decisão de não dar a terceira dose da vacina e para aconselhar as mães amigas que conheço a evitarem essa vacina, especificamente, selecionei alguns trechos de um texto ótimo do site Pediatria em Foco:
“Mesmo com todo o investimento do Ministério da Saúde, a vacina contra rotavírus, introduzida em março no calendário oficial de imunização, não é unanimidade entre médicos e pacientes.
[…]“Índices de imunização abaixo de 90% são considerados apenas razoáveis. Essa vacina chega a ter 70% em alguns casos. A tetravalente (contra coqueluche, tétano, difteria e meningite) e a tríplice (para sarampo, rubéola e caxumba) têm 95%.”
[…]O histórico de imunização do rotavírus também faz com que alguns médicos estejam com o pé atrás em relação à vacina. Em 1998, o laboratório Wyeth lançou no mercado americano uma vacina contra a doença que teve de ser retirada logo depois por ter causado obstrução intestinal – interrupção da passagem do alimento pelo intestino.
[…]A vacina da Wyeth, feita de uma combinação de vírus atenuado do homem e de macacos, não tem relação com a atual, feita com vírus humano. “Elas são diferentes, mas não dá para esquecer que a antiga foi aprovada FDA (Órgão americano que regula medicamentos). Vou esperar pelo menos um ano antes de indicar a nova para meus pacientes”, conclui Marcelo Reibscheid, pediatra do Hospital São Luiz e professor-assistente da Santa Casa de São Paulo. “Ainda prefiro correr o risco de ter uma criança internada com soro.” No laboratório Fleury, a vacina contra rotavírus é a única comercializada só com a apresentação de receituário médico. “É uma vacina com pouco tempo de uso. E o rotavírus traz em sua história outra vacina com efeitos graves. Tudo indica que ela é segura, mas ainda vamos esperar um pouco antes de deixar de exigir o receituário”, diz o infectologista do laboratório Fleury, Jessé Reis Alves.
[…]Outra questão é a diferente forma de encarar a doença. “O rotavírus é controlável e tem mortalidade baixa”, conclui o pediatra Reibscheid. A pediatra Heloisa Murr Sabino, do HU, complementa, com cautela: “O rotavírus é realmente grave em crianças desnutridas e com imunidade baixa.” O vírus é transmitido pelas secreções das vias respiratória e fezes. Como ele pode sobreviver por horas, uma das formas mais comuns de contágio é por meio das mãos. “Quem tem acesso a médicos e tem condições normais de saúde passa bem pelo rotavírus”, acredita Paulo Olzon, infectologista da Universidade Federal de São Paulo. Norberto Freddi, chefe da UTI pediátrica do Hospital Santa Catarina, complementa: “O risco de morte do rotavírus é menor em relação a qualquer outra doença do calendário oficial do governo.”
Também recomendo ler este texto sobre a vacinação contra rotavírus, que considero muito pertinente.
Enfim, claro que aqui estou mostrando o lado negativo. Há muitos lados positivos, principalmente o fato de que realmente a vacina diminuiu a quantidade de internações e mortes causadas pela diarréia, decorrente da doença. Mas cabe lembrar, mais uma vez, que a contaminação pode ser evitada com hábitos de higiene e é bem rara em locais onde há tratamento de esgoto. Quando ocorre, é também relativamente fácil de ser curada, necessitando basicamente de reidratação e atendimento médico de qualidade.
E quanto a mim, se pudesse voltar no tempo, não teria dado nem a primeira dose dessa vacina. E se você, pessoalmente, me perguntar se acho que deve dar essa vacina em seu filho, minha resposta continuará sendo NÃO – mas essa é a minha opinião e eu espero, de coração, que a sua decisão, independente de qual seja, seja sempre a melhor para você e sua família.
Atualização:
Com 1 ano e 8 meses, conseguimos chegar a uma melhora significativa, usando ColiKids. Leia mais aqui.
Nova Atualização:
Com 1 ano e 11 meses, o ColiKids realmente parece ter melhorado muito, porém não curou de vez. Ele continua tendo algumas dores de barriga e acordando incomodado algumas noites.
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