Sempre que pergunto nas redes sociais sobre quais assuntos as mães querem que eu fale ou escreva, sempre aparece o Desfralde: Como Fazer?
Muitas relatam dificuldades em desfraldar seus filhos, outras dizem que se sentem muito inseguras na hora de começar a pensar nisso e outras falam que seus filhos regrediram depois de uma ou duas tentativas. E eu confesso: também fiquei muito insegura em como fazer o desfralde do Murilo e pesquisei bastante para começar.
Na maioria dos assuntos que envolvem a maternidade, eu sou bem tranquila. Acredito que o jeito natural e gentil é sempre a melhor opção. Mas eu realmente não conseguia imaginar como seria uma forma natural e gentil de desfraldar.
Fiquei aguardando os sinais do Murilo e fiquei bem confusa com todos eles. Desde bem novinho ele parece que já sabia o que era cocô. Tanto que essa foi uma das primeiras palavras dele, depois de uma escapada na banheira! hahaha
Mas o tempo foi passando e ele não manifestava aqueles sinais de querer tirar a fralda, de querer usar o vaso ou mesmo de reclamar quando estava de cocô. Pra ele, estava sempre tudo bem. E como ele tem o intestino bem preso, desde que começou a Introdução Alimentar, eu realmente ficava preocupada de como seria essa transição pra ele.
Vale dizer, também, que desde que ele é bem pequenininho eu já o incentivava, levando-o ao banheiro comigo, mostrando onde eu faço xixi e cocô e coisas do tipo (delícias da maternidade! hahaha). Ele definitivamente já entendia que gente grande fazia as necessidades no banheiro, tanto que ele normalmente já queria apertar a descarga e se interessava pelo vaso.
Então, em janeiro desse ano, logo depois das festas de fim de ano, resolvi começar por mim mesma. Minha idéia era esperar que ele quisesse e começasse o processo, mas como ele não demonstrava essa necessidade e eu não queria perder a oportunidade do calor para deixá-lo de cuequinha o dia todo, tomei a atitude.
Li muitos blogs, artigos e… nossa! Só ficava mais confusa! Primeiro porque a maioria dos relatos que eu lia e das “dicas”, não me agradavam nenhum pouco. Muitos utilizavam castigos, repreensões e coisas do tipo. Outros incentivavam um timer ou relógio para levar a criança a cada x minutos no banheiro – o que eu acho completamente exagerado, não natural e estafante pros pais e pras crianças. Não achei sequer um artigo que incentivasse um desfralde gentil.
(Em Março, no entanto, o blog Cientista que Virou Mãe publicou esse aqui, que aconselho muito!)
Resolvi então fazer do meu jeito: comprei algumas cuequinhas (12 para ser mais exata) e parti para a ação: primeiro começar a deixá-lo de cueca o tempo inteiro e ir explicando que agora ele já tava ficando grandão e podia começar a usar o vaso ou o peniquinho quando quisesse fazer xixi.
Pausa para o detalhe: eu tinha recebido um redutor em uma daquelas caixinhas de assinatura de itens para bebês, quando ele ainda tinha uns 8 meses. Sobre o penico, comprei um da Peppa, já que era um dos desenhos que ele mais gostava na época e achei que isso poderia ajudar. Essa opção também tem um formatinho de vaso sanitário e achei que também seria interessante, já que ele poderia “me copiar” quando fosse ao banheiro – continue lendo para saber o que funcionou aqui!
Bom, lógico que o processo começou conturbado. Eu levei ele algumas vezes ao penico e ao vaso para ver se fazia algum xixi, mas não aconteceu. Até que em algum momento, ele fez na cueca (e, claro, no chão!) pela primeira vez. Levou um susto por sentir escorrendo nas perninhas e eu com muita calma e gentileza disse que era assim mesmo, que acontecia e que agora ele só precisava se lembrar que estava de cuequinha, pq já era grande, então quando sentisse vontade de novo, era só pedir para ir ao vaso ou ao penico.
Nesse mesmo dia, ele também fez seu primeiro cocô na cueca. Mesma coisa: tratamento paciente e gentil e mais alguns minutos no tanque! 😛
Bem, no primeiro dia ele fez todos os xixis na cueca. O cocô da manhã ele fez na cueca e o da noite fez na fralda. SIM! Mantive a fralda noturna ainda por um bom tempo.
No segundo dia, para pirar a cabeça dos metódicos e dos cheios-de-regras, fomos passear no shopping e ele ficou o dia todo de fralda!
“Oh meus deuses! Mas ele vai ficar confuso!”
Foi tudo bem. Expliquei pra ele que ainda estava aprendendo a usar o banheiro e que para que ele ficasse mais tranquilo e confortável, eu iria colocar fralda nele enquanto estivéssemos fora de casa. Essa é uma GRANDE vantagem de começar o desfralde quando a criança já está com 2 anos e alguns meses. Eles já têm uma compreensão bem legal e dá pra conversar bem!
Tanto deu certo, que no terceiro dia o primeiro xixi foi no vaso, assim como primeiro cocô!
Isso foi no dia 10 de Janeiro de 2016, só pra manter o registro histórico! rsrsrs
Esse dia foi mais ou menos 50-50 entre escapadas e idas ao banheiro. Algumas vezes ele me avisava e outras eu mesma o levava para tentar.
No quarto dia ele fez todos os xixis no vaso, mas fez um cocô na cueca. E assim foi progredindo, com raríssimas escapadas de xixi…
MAS O COCÔ…. ele foi fazendo cada dia menos. E começou a pedir para colocar fralda sempre que sentia vontade. Eu fui mantendo firme na idéia de só colocar fralda na hora de dormir, mas ele segurava até a hora de dormir e aí fazia. Algumas vezes acabava dormindo sem fazer e eu fiquei na cabeça que isso iria melhorar rápido, então insisti por mais algum tempo.
Em algum momento, ele resolveu também segurar o xixi. Chegou a ficar quase um dia inteiro sem fazer e começou a deixar vários escaparem. Apelei para os adesivos de estrelinhas e funcionaram por um tempo, mas logo perderam a graça e voltaram as escapadas. Ofereci prêmios em troca do cocô no vaso, o que também foi inútil.
Ele continuava insistindo em usar a fralda e não tinha nenhuma perspectiva também do desfralde noturno, pois sempre acordava com a fralda super cheia. E o lance do cocô estava realmente me incomodando, pois ele chegou a ficar 4 dias sem fazer, mesmo tomando o remédio manipulado que sempre o ajudou nisso.
Para o lance do xixi, foi bem fácil. Resolvi pesquisar mais a fundo a abordagem da Disciplina Positiva e adotei uma tática simples, dando autonomia e fazendo acordos, da seguinte forma: chamei o pequeno para conversar em um momento bem tranquilo, na transição de uma brincadeira, quando percebi que ele podia me dar 100% de atenção. A conversa foi mais ou menos assim:
“Filho, você já está grandão e já sabe usar o vaso para fazer xixi, né? Então, vamos combinar uma coisa? Quando você deixar o xixi escapar, não tem problema nenhum, a mamãe já falou, mas vamos fazer o seguinte: assim que molhar o chão e a cueca, você avisa a mamãe e eu trago um pano de chão. Aí você seca o pézinho e vai pro banheiro, dentro do box, para tirar a sua calça. Se você precisar de ajuda, você me chama, mas tem que tirar a calça e a cueca dentro do box e me chamar para te lavar e trocar de roupa, antes de voltar a brincar, tudo bem?”
Ele disse que sim e só precisei lembrá-lo desse ritual uma vez. Nas outras vezes que deixou escapar, ele mesmo fez o processo todo. Foram umas 2 ou 3x e nunca mais deixou escapar nenhum!
A idéia por trás dessa técnica é que a brincadeira será interrompida de qualquer forma e ele ainda terá que lidar com a consequência do ato de fazer xixi fora do lugar. Não é humilhante, pq é algo combinado previamente e pq dá à criança a autonomia de se cuidar – e eles adoram ser “gente grande”.
Bem, aí tentei copiar o conceito para o cocô, mas foi muito difícil pq o problema era que ele não fazia e eu não tive criatividade para pensar em algo realmente efetivo – então nem vou contar aqui as minhas experiências frustradas, que foram várias. Só pra ter uma idéia, comprei outro penico, testei o redutor no meu vaso, no outro vaso. Penico na sala, na sacada, na frente da TV. Nada feito.
Aí, um dia, fiquei pensando que ele também não queria parar de brincar para ir para o vaso. Afinal, fazer cocô demora bem mais. Pensei no que é que eu poderia fazer para ser divertido pra ele… e lembrei daquelas escadinhas com redutores, pois ele adora subir nas coisas e poderia ser algo interessante pra ele usar o vaso de gente grande sem precisar de ajuda – a essa altura ele já tinha preferência por usar o redutor do vaso ao penico.
Comprei esse modelo e também algumas revistinhas do Mickey, que deixei na gaveta do gabinete do banheiro, com fácil acesso pra ele. Expliquei pra ele que quando quisesse fazer cocô, era só subir na escadinha e usar o vaso so-zi-nho! E mostrei as revistinhas que ele podia ler. Pá! Não deu outra. No mesmo dia ele foi ao banheiro, pegou a escadinha, colocou no vaso e fez o seu cocô!
E desde então ele tem feito isso com muito mais frequência. Não digo que resolveu totalmente a questão, pois ele ainda está precisando tomar o remédio manipulado (que ele já tinha parado de tomar há alguns meses antes do desfralde) e ainda pula vários momentos de fazer cocô quando está em um dia mais divertido. Mas sem dúvida esse foi o nosso “pulo do gato”. 6 Meses depois do início do processo de desfralde!
Desfralde Noturno:
Bem, não sei exatamente quando foi que comecei, acho que foi cerca de um mês antes dessa solução do cocô. Eu já não queria mais dar a oportunidade dele fazer o cocô na fralda à noite, então decidi tirar a fralda noturna também e pagar o preço dos lençóis molhados. Comprei capa impermeabilizante para a cama dele e para a minha surpresa, ele só molhou a cama umas 4 ou 5 vezes. Claro que nos primeiros meses eu o levava pra fazer xixi imediatamente antes de dormir e também o levava 1x de madrugada. Mas com o tempo essa acordada da madrugada foi ficando um pouco mais tarde, até que ele acostumou a segurar o xixi até a hora de levantar. Foi bem mais fácil do que eu imaginava!
Dica: se você não quiser comprar a tal capa, descobri no caminho algo que funciona muito bem: forrar a cama com uma manta de microfibra dobrada ao meio. A manta absorve todo o xixi e tem secagem rápida 😉
Desfralde – Como Fazer
Ok, agora que já contei a nossa história e a nossa experiência, aqui está o que indico para conseguir um desfralde gentil, natural e apoiado nos princípios da Disciplina Positiva:
- Espere a idade certa – No mínimo 2 anos, mas sem problemas de começar um pouco depois.
- Procure fazer quando o tempo estiver mais quente, para que seja possível deixar seu filho ou filha só de cueca ou só de calcinha o dia todo, isso vai facilitar bastante o processo e ajudá-lo a se lembrar que não está mais usando a fralda;
- Combine com seu filho ou filha, em um horário tranquilo e não associado ao erro, qual será o procedimento quando escapar xixi ou cocô. Dê o máximo de autonomia possível.
- Na hora das escapadas, seja gentil. Diga que acontece e lembre-a de fazer o ritual planejado;
- Promova um momento de diversão na hora do banheiro;
E qual é o melhor penico, troninho ou redutor?
Para finalizar esse post com uma dica bem útil, como eu testei vários modelos de penicos e redutores, os que eu mais indico são: o redutor com escada da Dican, que eu já mostrei aí em cima e o penico da San Remo, que é super barato, estável e confortável. Aquele da Peppa, embora seja bonitinho, não é nada confortável e é bem carinho! Os outros redutores nem merecem minha menção aqui.
(Aproveite para pegar um Cupom de Desconto Bebê Store – pode ser uma boa opção para a hora da compra do troninho! ;))
E agora, me responda aqui nos comentários:
- Quais são as suas principais dúvidas e dificuldades sobre o desfralde?
- O que você já tentou e não funcionou?
- O que pretende tentar, agora que leu esse artigo?
- Esse artigo foi útil pra você?
Vou adorar saber e responder a sua mensagem!
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