Esse é um assunto que rende quase tanto quanto a discussão pré-eleitoral 🙂
Já faz tempo que quero falar sobre esse assunto, mas é tanto a dizer e a relatar, que eu sempre acabo adiando mais um pouquinho. Resolvi quebrar a espera para reproduzir, ao menos, uma resposta que acabo de dar a algumas leitoras lá na fanpage.
Ontem, compartilhei esse post do Ministério da Saúde:
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Os comentários que recebi, até agora, foram de mães defendendo a cesárea eletiva, mães se sentindo discriminadas por terem passado por uma cesárea, enfim. Apenas uma mãe – até o momento, se manifestou dizendo que se informou sobre os tipos de parto e decidiu pelo PN. Ao ler os comentários na própria página do Ministério da Saúde, é possível perceber também o vitimismo dessas mães que optaram ou foram levadas a fazer uma cesárea.
O que eu respondi às leitoras, na página do Facebook e reproduzo aqui, é sobre a necessidade de entender que quando divulgamos esse tipo de informação, não temos o objetivo de ofender, criticar ou desmerecer nenhuma mãe. São índices de saúde e eles precisam ser conhecidos e divulgados.
Outra coisa importante de se esclarecer, sobre índices e taxas, é que eles representam um *aumento na possibilidade* de problemas. Não significa que todos que passarem por essa situação terão problemas. Não é porque você não teve problemas, que outras pessoas não terão!

Como é possível não concordar com estatística?
Eu sou extremamente contra aqueles estudos tendenciosos que querem apavorar mães que já fizeram cesárea e já andei debatendo isso em sites que defendem o PN usando argumentos do tipo: filhos nascidos de cesárea podem ter diabetes quando adultos, podem morrer mais cedo, podem blablabla. Se já está feito, não há porque ficar aterrorizando as mães, dizendo besteiras que nem são comprovadas. Não levam a nada e ainda aterrorizam justamente quem é vítima da situação. Mas dados como esses apresentados acima, divulgados pelo ministério da saúde, são pautados em estatísticas. Não servem para aterrorizar, servem para informar.
Para que saibam, Murilo nasceu de cesárea (e, sim! é super saudável!). Não foi porque eu quis e sim porque “foi necessário”, segundo a médica que me acompanhou e por quem eu continuo tendo muito carinho e respeito. Sei que ela não fez por mal, mas também sei que ela foi inexperiente e que a “necessidade” não foi real. Não há mal nenhum em admitir isso. Demorei para superar a frustração, mas superei.
Sobre o pós-parto, acho que cada pessoa é diferente. Lógico que a cesárea, no entanto, tem recuperação mais lenta que o PN *na maioria* dos casos, mas cada organismo reage de um jeito. Para mim foi terrível. Tive infecção nos pontos, dores terríveis no primeiro mês e dificuldades para agachar e levantar por 4 meses. Demorei 4 meses para desinchar e sofri com mais um monte de coisinhas chatas. Demorei 3 meses para dar o primeiro banho no Murilo, que era banhado pelo papai todos os dias, enquanto eu só acompanhava. Um dia ainda conto toda a minha experiência aqui para vocês.
O que é importante dizer, é que não é possível defender a idéia de que a mulher escolhe o seu tipo de parto, já que hoje, muitas mães são enganadas pelo sistema todo, que as fazem acreditar que elas não são capazes de parir, que seus corpos não vão se recuperar, que seus bebês vão sofrer e etc. A escolha só pode ser chamada de escolha quando a pessoa conhece exatamente os benefícios e consequências de cada opção.
Não é questão também de demonizar a cesárea! Muito pelo contrário! Precisamos reconhecer o avanço que ela representa e as muitas vidas que já salvou. Há indicações reais para cesárea, mas elas deveriam representar apenas 15% das situações, segundo a OMS.
Conheço casos de complicações no Parto Natural e conheço casos de complicação em cesáreas. Mas o post do Ministério da Saúde trata de estatísticas.
Enfim… se eu engravidar de novo, com certeza vou procurar uma equipe que acredite na mulher e que me ajude a ter minha VBAC*.
Mas você, se não quiser, não é obrigada a fazer isso – seu direito de escolha continua sendo o mesmo de antes. Mas, por favor, não se sinta ofendida por quem quer e divulga os dados dos benefícios desse tipo de parto! Acredite, a luta não é contra você, é contra a desinformação. 😉
*VBAC: Vaginal Birth After Cesarean, ou Parto Vaginal Pós-Cesárea – mas não só isso 🙂
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